Jesus estava nas últimas semanas do seu ministério e havia
atravessado o rio Jordão para passar pela região conhecida como Pereia,
ao lado oriental do Jordão. Ele voltaria logo para entrar em Jerusalém,
confrontar os líderes e ser rejeitado e crucificado. O jovem
aproximou-se de Jesus e fez a pergunta mais importante que qualquer um
poderia fazer: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”
(Marcos 10:17). Antes de responder à pergunta, Jesus frisou o
significado das palavras escolhidas pelo homem. Se só Deus é bom, o
jovem implicitamente reconheceu a divindade e, por isso, a autoridade de
Jesus. Quando Jesus, poucos minutos depois, fez dele uma grande
exigência, o homem precisava entender que esta instrução veio do próprio
Deus.
Jesus começou com as coisas que este rico já entendeu,
citando alguns dos 10 mandamentos dados por Deus aos israelitas 1.400
anos antes. Este líder conhecia e guardava estes mandamentos. Esta
obediência aos mandamentos do Senhor e a busca da vida eterna mostraram
uma atitude boa, e Jesus olhou para este jovem e o amou (Marcos 10:21).
Jesus o amou tanto que falou a verdade, mesmo correndo o risco de o
homem virar as costas e rejeitar sua palavra. Jesus viu que o problema
do jovem não foi uma questão de obediência visível a alguma regra, e sim
questão das prioridades da vida. Jesus falou para ele vender todos os
seus bens e dar aos pobres o dinheiro. Assim, ele poderia seguir ao
Mestre (Mateus 19:21).
Antes de comentar sobre a reação do homem,
vamos pensar na exigência de Jesus. Alguns têm usado este caso para
estabelecer a pobreza como condição de serviço ao Senhor, mas o resto do
Novo Testamento corrige esta aplicação errada, pois encontramos
cristãos fiéis a Deus e ainda ricos materialmente. Nem todos os ricos
precisam vender todos os bens materiais para servir a Deus, mas devem
reconhecer seus bens como ferramentas e usá-los conforme os princípios
de amor que o Senhor nos ensina (1 Timóteo 6:17-19). Não é o dinheiro,
mas o amor do dinheiro que é raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10).
Este foi o problema que Jesus identificou no homem rico.
O
dinheiro não é, necessariamente, o problema. Alguns têm dinheiro, mas
não o amam, enquanto outros não têm bens materiais, mas ainda assim amam
o dinheiro. Qualquer coisa que ocupa um espaço no nosso coração que
impede o domínio total pelo Senhor é o problema. Pode ser dinheiro,
sexo, bebidas, drogas, jogos de azar, carreira ou muitas outras coisas.
Pode ser a família (Mateus 10:37) ou até a própria vida (Marcos
8:35-37). O ponto é que Jesus merece primeiro lugar no nosso coração e
na nossa vida e, por isso, é preciso tirar todos os rivais.
Frequentemente, o dinheiro é o problema. Na busca do entendimento desta
mensagem ampla, não devemos perder uma lição óbvia. Muitas pessoas, como
aquele jovem rico, são impedidas de servir ao Senhor por causa do
dinheiro. Podem ser pobres que trabalham tanto que não têm tempo para
Deus, ou ricos que se orgulham das suas conquistas materiais.
Há
mais uma mensagem forte no final desta história do jovem rico. Depois de
ouvir as palavras de Jesus, ele saiu triste. Não sabemos o que o homem
decidiu depois de mais reflexão, mas sabemos que Jesus não impediu que
fosse embora. Jesus não tentou amenizar o impacto das suas palavras, e
não ofereceu para ele um caminho mais suave com menos sacrifício. Jesus
exigiu dele a mesma coisa que exige de qualquer um de nós que queira ser
seu discípulo e herdar a vida eterna: ele quer 100% de quem somos, e
nada menos!
–por Dennis Allan
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